quarta-feira, 31 de maio de 2023

Regra 34

Assisti Regra 34 (2022) de Júlia Murat no Canal Brasil. Que filme incrível, mas profundamente desconfortável!

Gostei muito que o filme aborda temas tabus, que ficam muitas vezes só no nicho de quem gosta do tema, e sem aprofundamento filosófico. A protagonista gosta de práticas sexuais arriscadas, se colocando em risco. Também é com lives de sexo que ela consegue pagar a faculdade e entrar para a defensoria pública. Isso, ela é advogada. Sol Miranda está inacreditável! Que atriz! Porque as cenas são muito, mas muito difíceis. O grupo de amigos e parceiros que ela convive também são ótimos: Lucas Andrade, Lorena Comparato e Isabella Mariotto.
Ela vai trabalhar com mulheres vítimas de violência. Nas reuniões preparatórias pra função, há debates sobre a violência estrutural, patriarcado, prostituição. Esse tema inclusive dá um acalorado debate já que a personagem da Dani Ornellas acredita que as mulheres só vão para esse trabalho por falta de opção. E a protagonista questiona essa visão. E nós sabemos que ela tem prazer na sua outra profissão, a que realmente lhe dá situação financeira confortável. As abordagens são sutis, entrecortadas com a vida pessoal da protagonista. Só fazendo paralelos com o mundo real e o intelectual. Muito interessante! No núcleo da defensoria estão Marcos Damigo, Simone Mazzer e Babu Santana.
O filme aborda temas desconfortáveis. Seria possível controlar as perversões, sem conseguir colocar sua vida em risco? No momento da excitação seria possível perceber que passou-se do ponto e parar a tempo? A protagonista tem uma relação pervertida mas controlada com quem ama, uma se recusa e não participa. Esse casal se preocupa um com o outro, acolhe, conversa. Por que a protagonista teve desejo com alguém que seria muito perigoso? O que faz uma pessoa ter um prazer incontrolável pelo perigo?
Gostei muito também dos diálogos sobre violência. A protagonista na defensoria fala muito sobre a violência estrutural, pessoas que viveram sempre em meio a violência. Na área privada ela lê texto sobre violência consentida. Ela também questiona o fracasso em uma tentativa de ajuda a uma mulher vítima de agressão verbal. É um filme complexo, profundo, sem moralismos, só com os pensamentos dos personagens, fiquei muito reflexiva.


Beijos,
Pedrita

12 comentários:

  1. Um filme que deve mesmo provocar reflexões pelas camadas apresentadas e pela dualidade da protagonista.
    Há ainda a questão de debater sobre os limites da segurança pessoal e violência estruturada.
    Acho assustador pessoas se colocarem em situação de risco por opção.
    Fiquei curiosa levo a indicação.

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    1. luli, acho muito raro um filme q debata perversões sexuais sem ser moralista. sim, assusta muito, mas é mais comum do q imaginamos.

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  2. Um filme que eu amava ver.
    *
    Quarta feira de Paz e Amor.
    */*
    Ilusões e Poesia
    */*

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  3. Não conheço o filme fiquei curiosa~
    http://retromaggie.blogspot.com/

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  4. Já li, algumas vezes, sobre a morte de pessoas conhecidas, devido à prática sexual arriscada. Então eu coloco esta ação no mesmo 'compartimento' em que coloco outras, que considero deletérias, como o vício em drogas.
    Porém, interpretar alguém que adota esta prática, não deve ser fácil.

    Beijo e bom Mês de junho

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    1. marly, sim, pode virar uma compulsão. mas são bem vastos os motivos. achei corajoso um filme colocar as perguntas em várias esferas, inclusive na jurídica.

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  5. Uma boa sugestão para quem adora filmes :)
    .
    Felizes das Crianças...
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    Beijo, e um excelente dia!

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