quarta-feira, 27 de março de 2024

Fome Azul de Viola Di Grado

Terminei de ler Fome Azul (2022) de Viola Di Grado da Dublinense. Eu tinha visto matérias sem ler profundamente porque não curto spoilers, e tinha ficado muito interessada. É uma belíssima edição em capa dura, com projeto gráfico de Luisa Zardo, que comprei na Festa do Livro da USP. Assim que comecei a postar que estava lendo descobri várias pessoas que já tinham ouvido falar bem da autora e alguns tinham enveredado em outras de suas obras fazendo vários elogios. Eu fiquei muito impressionada com o livro! É desconcertante!

O marcador de livros é magnético com um pedaço de uma obra de Tarsila do Amaral.

O lenço é pintado à mão. 

Obra sem título 14 (1980) de Wu Dayo

A protagonista é italiana como a autora e está em Xangai. Aos poucos vamos entendendo o que aconteceu. Ela perdeu seu irmão gêmeo em Roma. Ele que sempre quis viver em Xangai, ela resolve então viver a vida como se fosse ele. Lá ela se apaixona por Xu e elas tem uma relação tóxica e violenta. Elas gostam de mutilações, jogos. E Xu é muito perversa. Ela sabe que a italiana está doentiamente ligada a ela, então usa e abusa da dependência da outra. Diz que as regras são dela, some e aparece sem dar a menor satisfação. É um horror quando Xu leva a amada a um matadouro, após tirar toda a roupa dela, que a jovem vê que o local está cheio de pessoas. São muitas violências. 

Obra Artwork (10) de Wu Ganzhong

Fiquei muito abalada! Acho incrível que autores consigam penetrar em temas tão complexos, escrever sobre temas que não revelamos, que escondemos. Ir a fundo em relações disfuncionais, em lugares obscuros, em sentimentos inconfessáveis.

Obra (2000) de Zao Wou-Ki

Trechos desconcertantes de Fome Azul de Viola Di Grado:

“Odiava que meu amor por Xu amenizasse a raiva de nossas brigas”.

“Não por respeito, mas por terror da tristeza que existe por dentro. Minha tristeza era como a dela: perigosa. Nossa tristeza era a coisa mais perigosa que já tinha acontecido nas nossas vidas. Isso que tornava os nossos sentimentos barulhentos e não confiáveis, como trens prestes a descarrilhar”.

Beijos,
Pedrita

10 comentários:

  1. Acredito que seja um livro fascinante de ler.
    .
    Votos de uma Páscoa muito feliz.

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  2. Este parece ter leitura um pouco difícil devido à estória densa e desafiadora.

    beijo

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  3. Olá, tudo bem? Não sabia que ocorreu uma homenagem a Osvaldo Lacerda no Mackenzie... Moro do lado. Bjs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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    1. fabio, tem dois anos que o centro de música brasileira está no mackenzie. nesse ano serão mais 3 concertos.

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  4. Sei muito bem o que são relações tóxicas, embora não violentas... uma obra seguramente que me seria difícil de seguir apesar de o assunto me interessar.

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    1. carlos, anote, quem sabe um dia vc esteja melhor pra ler.

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  5. Não conheço a autora.
    Parece ser bastante complexo, assim como as relações disfuncionais especialmente aquelas que além de destruírem o emocional partem para a
    violência.
    Quem sabe num outro momento pra ler 😔
    Capa, marcador e lenço fotografados, lindos demais.

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    1. luli, é bem desconcertante. tb amei a capa, aí o resto veio da inspiração.

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