Tapeçaria da África do Sul de Jane Msibi
Seus livros são difíceis, desesperançosos. Sempre li sobre os conflitos na África do Sul, o preconceito, a segregação e enquanto acompanhamos a Infância de nosso protagonista, sentimos o quanto cada um é estimulado a desprezar o próximo, o quanto a própria escola estimula a separação por raça e ou religião. Na primeira cidade são os próprios professores que separam os alunos por religião. Pode até ser para orientá-los a cada um ir no seu credo, mas não deixa de ser uma forma de separar as crianças. Engraçado quando nosso protagonista é questionado se é judeu, católico romano. A família dele não tem religião, então como ele gosta dos Romanos e suas histórias, diz que é católico romano. Depois vendo o que os judeus passam, acha que escolheu bem, mas tem que ficar fugindo de alguns rituais católicos já que efetivamente não se converte, ele só se insere em um grupo, já que não havia grupos de não-religiosos.
Obra (2009) de Esther Mahlang
Os Coetzee são africâneres, mas por falarem o inglês conseguem participar de escolas melhores. Nosso protagonista vive com a sombra de um dia ter que frequentar uma escola africâner e ter o destino miserável da maioria. Quando eles se mudam para uma cidade maior a vida desse menino parece piorar. A segregação é muito maior. Só consegue uma boa escola quem tem bons contatos ou é inglês. Ele e o irmão conseguem vaga em uma escola católica que aceitava todos os que eram rejeitados nas outras. Mas alguns professores, que são padres, jamais dão uma nota acima de 7 para as crianças que não são ingleses.
Obra 3 Sombras de William Kentridge
Trechos de Infância de J. M. Coetzee:
“Eles moram num conjunto
habitacional perto da cidade de Worcester, entre a estrada de ferro e a rodovia
Nacional.”
“As ruas do conjunto têm
nome de árvores, mas ainda não têm árvores. O endereço deles é avenida dos
Choupos número 12. Todas as casas do conjunto são novas e idênticas. Estão
situadas em grandes lotes de terra argilosa e vermelha onde nada cresce,
separadas por cercas de arame. Em cada quintal há uma pequena edícula que
consiste em um quarto e um banheiro. Apesar de não terem empregada, eles se
referem àquilo como “o quarto de empregada” e “o banheiro de empregada”. Usam o
quarto de empregada para guardar coisas: jornais, garrafas vazias, uma cadeira
quebrada, um velho catre de couro.”
Beijos,
Pedrita
Oi, Pedrita
ResponderExcluirVocê captou a essência do livro - o deslocamento do autor.
Abraço
miguel
Não li. Você me instigou a lê-lo. Obrigada. O post está sensacional! Girassóis nos seus dias. Beijos.
ResponderExcluirPedrita voce ta botando para quebrar hein? Assim ninguem te guenta de tanta erudiçao, heheheh. Brincadeira, como dizia um ex-chefe publicitario que eu tinha "o que abunda nao prejudica", estranha sonoridade ne?
ResponderExcluirMas é isso, depois conta se gostou dessas maravilhas.
Beijao
Muito bom, Pedrita! Acho que nós ainda vamos muito ouvir a voz da África daqui pra frente. Pouco a pouco o continente vai expurgando seu passado amargo e reconstruindo-se em novas bases. Acho que de todas as colonizações ocorridas no mundo, a de lá talvez tenha sido a mais cruel. Vou colocar esse livro em minha lista. Um abraço e obrigado. Paz e bem.
ResponderExcluirOlá, tudo bem? Eu adoro os livros da Companhia das Letras. Bjs, Fabio www.fabiotv.zip.net
ResponderExcluirmiguel, obrigada pela visita. quanta honra. na contracapa falam q é uma ficção autobiográfica e com as aspas, esse mérito não é meu.
ResponderExcluircelina, coetzee está entre meus autores preferidos.
camille, obrigada. ando com tempo pra me dedicar a informação.
cacá, eu sempre olho para países q falam menos.
fabio, eu tb gosto das publicações da companhia das letras. tanto q há vários posts na tag.