segunda-feira, 19 de julho de 2021

O Outro Cordeiro

Assisti O Outro Cordeiro (2009) de Malgorzata Szumowska no TelecinePlay. Que filme indigesto! A diretora é polonesa e a autora do roteiro Catherine Smyth-McMullen é australiana. O filme é uma co-produção entre Irlanda, Bélgica e Estados Unidos. No Brasil está como O Rebanho.


Um homem que se diz pastor vive com um grupo de mulheres na floresta. No jantar, ele escolhe qual vai dormir com ele. As mais velhas ele vai deixando pra trás. E espera chegar a menstruação das mais novas para escolhê-las. 

O grupo já está na fase que muitas mulheres já nasceram lá, portanto, ele sendo o único homem, ele é o pai delas. E ele aguarda para poder ter a primeira vez com elas. Tudo é ritualístico, com muitas frases de uma religião própria que ele criou. As que nasceram no grupo só conhecem essa realidade. O filme é nos dias de hoje, mas elas só conhecem aquela realidade.

Raffey Cassidy interpreta brilhantemente a adolescente que nasceu no grupo. Ela em breve vai ficar menstruada e o pastor aguarda ansiosamente. Como toda adolescente, ela começa a questionar as regras e se incomodar com as mulheres que aparecem machucadas. As mulheres falam que mereceram, que foi punição. Ela vê à noite, no escuro, o momento de intimidade entre o pastor e a escolhida, e se incomoda com a forma como elas são tratadas. Uma "corrompida", que é a que passa a questionar as regras, vai aos poucos mostrando outras realidades para a adolescente que vai percebendo a teia de mentiras do pastor. Sim, só nasceram meninas, nunca meninos? O elenco é excelente: Michiel Huisman, Denise Gough, Ailbhe Cowley, Jane Herbert, Mallory Adams, Eve e Isabelle Connoly
O filme fala muito sobre machismo, violência contra a mulher, religião, rituais, posse e liberdade. O pastor que dita as regras, todas precisam ser obedientes, as escolhe conforme o seu prazer, mas tenta dizer que é sagrado. É uma seita a enésima potência, mas quantas religiões pregam a obediência da mulher ao marido, a resiliência, a tolerância, o silêncio: "só fale se for perguntada", "não incomode o seu marido com as questões domésticas", "tenha respeito", como se eles fossem uma entidade ou alguém superior. Filme mais que urgente nesse retrocesso avassalador que a sociedade vem caminhando.
Beijos,
Pedrita

10 comentários:

  1. Não me animei em ver esse filme sabia?
    big beijos

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  2. Acho que muitos artistas - em face às circusntâncias em que vivem - resolvem fazer uma condensação de um assunto que eles acham que merece reflexão, denúncia ou registro. E não é segredo para ninguém o fato de estar havendo um esforço, no mundo, para fazer as coisas retrocederem, para certos grupos de indivíduos (os historicamente considerados mais fracos). Mais do que cruel, acho a ideia muito estapafúrdia. E desejo mesmo que a vida venha a dar uma lição nos 'gênios' que consideraram possível impedir o progresso e o devir.

    Beijo

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    1. marly, a arte é fundamental pra provocar perguntas. esse coloca uma seita fora da sociedade, mas é bom pra incomodar as mulheres que em várias religiões são obrigadas a submissão. o retrocesso é o interesse do homem (gênero) a ter novamente a mulher sob o domínio dele.

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  3. Esse tipo de filme eu realmente nao curto muito.

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  4. Puxa absurdamente chocante!
    Não conhecia.
    Temas como machismo, violência e fanatismo precisam necessariamente estar em pauta para debates e reflexão ainda mais nesse momento crítico da história em que deveriam estar há MUITO tempo ultrapassados.

    Bjs Luli
    https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br

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    1. luli, nossa, queria muito q vc visse essa postagem. é absurdamente chocante e pior, muito atual.

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