sexta-feira, 22 de abril de 2022

Knock

Assisti Knock (2017) de Lorraine Levy no Telecine Play. O Telecine turbinou bastante o acervo no Now, embora não ande atualizando as estreias. Eu tenho ressalvas com esse filme que foi baseado na peça de Jules Romains. Adoro o Omar Sy, mas ele faz um médico nada escrupuloso. O filme tenta justificar os motivos no final, com uma certa redenção, mas fica aquele amargo na boca e a sensação de que não é bem assim.

O protagonista está em apuros, tenta uma vaga de médico em um navio sem ser, como o navio ia zarpar mesmo sem médico, ele convence que melhor um falso que nenhum. Ele decide então estudar medicina depois de atuar como "médico" no navio. O filme pula pra 5 anos depois, ele chega em uma cidade como médico. Gostei do filme deixar o tempo todo a dúvida se ele fez ou não medicina de fato. Ele tem o quadro com o diploma, mas é tão engenhoso que até isso pode ser falso.
Sim, há uma série de questões. Ele trata dos mais pobres e que não teriam acesso a tratamentos. E explora os mais ricos. A questão que mais me incomoda é que ele é no fundo um estelionatário, ele inventa doenças que não existem para ele e o farmacêutico da cidade ganhar dinheiro. Nada diferente do que acontece muito hoje em dia. Marca consultas regulares só para ganhar mais, mesmo que não sejam necessárias.
Mas sim, ele ajuda os que não podem pagar, principalmente dá visibilidade às doenças dos mais pobres quando seus patrões ignoram e ainda reclamam do funcionário estar acamado. Ele envolve a escola em educação em saúde e higiene. Esse é o argumento final, que ele por necessidade precisou ser assim e que de uma certa forma ajudou muita gente da cidade. Sim, é fato. Ajudou pessoas que tinham problema de sono, com bebida, embora a solução para a bebida pareceu mágica. Dava afeto e conversas com as pessoas. Mas eles as explorava muito e me incomodou muito com essa teoria de que era porque precisava. Como disse, o filme tenta redimir o protagonista em um show apoteótico clássico de filmes do gênero tentando apagar toda a exploração e oportunismo do médico.
Beijos,
Pedrita

8 comentários:

  1. Acredito que seja um filme muito interessante de ver.
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    Cumprimentos poéticos..
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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  2. Mistura de crítica social e comédia de costumes das novelas das 6, ao mesmo tempo em que mostra como funciona a lógica do capitalismo naquele contexto, chama a atenção algumas atitudes questionáveis do protagonista.
    A direção de arte, a interpretação de Sy e o verão no interior francês valem MUITO a pena 😉
    Sua resenha nota 10000!

    Bjs Luli
    https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br

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  3. Pareceu-me interessante, fiquei com vontade de assistir. Todavia, lendo a resenha tive a impressão de que os produtores teriam feito um filme realmente notável se tivessem se limitado a mostrar alguns dos desvios médicos, que, como você observou, hoje são quase parte da atividade normal deles (marcação de consultas-exames desnecessários etc). Aliás, lendo a tua resenha eu me lembrei de uma piadinha antiga sobre isso, vou contá-la, rsrs.
    Um velho médico aposentou-se e passou ao filho (jovem médico), um paciente de quem ele vinha tratando durante muito anos. O jovem, idealista e ainda muito ético, curou o doente em pouco tempo.
    Mas quando o jovem médico foi questionar o pai sobre o motivo de ele não ter resolvido o problema do paciente, o velho disse: Se tivesse feito o que você fez, eu teria perdido o 'cliente', rsrs.

    Beijo

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    Respostas
    1. marly, a redenção final piora todo, mas o tom é de comédia qd ele abusa das pessoas no emocional, clínico e financeiro. me incomodou demasiadamente. exato, a piada se encaixa, mas o filme mostrou q é engraçado ele abusar de todo mundo.

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