quinta-feira, 7 de agosto de 2025

A Melhor Mãe do Mundo

Assisti no cinema A Melhor Mãe do Mundo (2025) de Anna Muylaert no Reag Belas Artes. Foi no projeto Folha que eu amo. Primeiro passa o filme e depois a diretora e a atriz principal conversaram com o público. Eu amo saber detalhes, então é maravilhoso esse formato. E o mais incrível ainda é que é gratuito! Estava lotado! O filme foi ovacionado ao final. 

Inacreditável o trabalho da Shirley Cruz, que atriz. Começa com ela na delegacia denunciando o marido que a bateu. Ela é catadora de materiais recicláveis. Ela vai trabalhar, vai em casa, pega os filhos, põe na carroça e segue para a casa de seus primos em Itaquera. E vai trabalhando pelo caminho com os filhos. Demais as crianças, Rihanna Barbosa e Benin Ayo. O filme começa com uma música maravilhosa na voz de Negra Li. A bela trilha sonora é de André Abujamra.

Ela leva dias até chegar na casa da prima em Itaquera. Lá é acolhida com os filhos, bem tratada, mas infelizmente a família tem uma cabeça ultrapassada. A prima diz que casamento é assim mesmo. Ela é Luedji Luna. E pior, avisam o ex. O ex não é pai de nenhum dos filhos da catadora. Os filhos tem pais diferentes. E é o maravilhoso Seu Jorge. O filme mostra a dificuldade que é sair de relações de abuso quando ainda há amor. Ela ama muito o marido, que não é marido no papel e tem dificuldade de se libertar da sedução dele.
Me emocionei demais com a personagem da Rejane Faria. Ela está em situação de vulnerabilidade como a Gal, vende bandeiras na rua. E é ela que diz, do jeito dela, que a Gal não pode aceitar a violência. Ela é Munda e conta que vive na Ocupação 9 de julho, que vai enviar o seu contato, que se a Gal quiser, ela ajuda no processo. 

É na Ocupação 9 de Julho que Gal encontra acolhimento e ajuda pra recomeçar. Ela é apresentada ao apartamento que vai viver com os 2 filhos, tem fogão, alguns móveis e vai ter ajuda até conseguir se estabelecer e poder colaborar. Quando se restabelecer, a regra é seguir e abrir espaço pra outro que precisa. Eu estive exatamente nessa ocupação há uns anos e fiquei impactada com a quantidade de mães cheias de filhos. Uma me contou inclusive que não conseguem alugar apartamentos com tantos filhos.
Ao final, na conversa estavam Shirley Cruz, Anna Muylaert e Rihanna Barbosa, mediadas pela jornalista da Folha, Catarina Ferreira e com a psicanalista Vera Iaconelli. Eu venho acompanhando notícias do filme faz tempo. Adoro acompanhar bastidores nas redes sociais. Então gosto muito desse programa da Folha, pra saber um pouco mais. Todos nós estávamos muito emocionados! Shirley contou que fez um trabalho corporal para puxar a carroça. Que falou com catadoras do Cambuci. Falaram da seleção das duas crianças. Rihanna já trabalha como atriz.

Anna contou como foi a seleção do Benyo com 5 anos na época e que na primeira cena no chafariz no centro, ele não queria fazer. Anna conversou com ele, disse que sim, eles podiam ir embora e foi conversando até que ele concordou e depois passou a entender o que seria atuar e se soltou. Ele é uma graça. Shirley contou que ela e Rihanna, deixavam Benyo atuar livremente. Anna disse o personagem que foi improviso a maior parte do tempo.

Em casa eu vi a entrevista da Shirley Cruz no Conversa com Bial na GNT e soube mais histórias do filme.


Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Ronaldo Miranda - Piano Concerto

Ouvi o álbum Ronaldo Miranda - Piano Concerto (2025) pela Naxos no Spotify. Que álbum! Absurdamente impactada! Que obras! Ronaldo Miranda está entre os maiores compositores da atualidade! Linda capa do álbum.

E a interpretação foi só com grandes artistas. Com a excelente Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sob regência do ótimo maestro Fábio Mechetti e com o incrível Eduardo Monteiro ao piano. O resultado não podia ser mais maravilhoso! 
Eu cheguei a acompanhar fotos e trechos pelas redes sociais na época das gravações, ansiava bastante pelo lançamento.
Lindíssima a obra Piano Concerto em 3 movimentos, Tenso, Grave e Lúdico. Embora muito diferente da obra Macunaíma do compositor, me lembrou bastante, pela força visceral. É algo que se sente no corpo e que interpretação dos músicos, orquestra e piano. Já ouvi inúmeras vezes. Horizontes tem também  3 movimentos, A Partida, A Espera e A Descoberta e é uma obra que causa desconforto, muito interessante! A que ficou mais conhecida e difundida do álbum foi Piano Concertino, em dois movimento, Alegro e Alegretto, mas foi mesmo a primeira que gerou críticas contundentes em elogios. Foi uma grata surpresa a Variações temporais (Beethoven). Não conhecia!

Ronaldo Miranda na foto de Vânia Laranjeira
Foto do acervo pessoal do compositor feita na época da gravação do álbum que está disponível em todas as plataformas. Da esquerda para a direita, Fábio Mechetti, Eduardo Monteiro e Ronaldo Miranda.

O álbum Ronaldo Miranda - Piano Concerto da Naxos está disponível nas plataformas de streaming.
Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Causeway

Assisti Causeway (2022) de Lila Neugebauer na AppleTV+. É um bonito filme sobre amizade! O  nome no Brasil, Passagem, não tem nada a ver.


 

Começa com a personagem da Jenniffer Lawrence, que está sublime, Linsey, muito debilitada de cadeira de rodas sendo entregue a uma senhora, a Sharon, da ótima Jayne Houdyshell. Muito interessante! Lynsey teve um grave acidente quando era militar na guerra do Afeganistão. Ela contrata então Sharon pra cuidar dela no período de reabilitação. Sharon conta que cuidou de uma pessoa e quando ela se foi, ela resolveu se inscrever para ajudar na reabilitação de pessoas. Lynsey fica na casa da Sharon, no aconchego de um lar bem equipado, com quarto próprio e passa a ter ajuda pra tudo, tomar banho, vestir, comer. Sharon tem carro e dirige e leva a jovem nos médicos, na fisioterapia. Bem diferente daqui. Lynsey fica em uma casa que a recebe, não uma profissional que vai a casa dela. Quando Lynsey se acha pronta ela volta para a cidade dela. Para a péssima relação com a mãe que se preocupa com a filha até se distrair e ir fazer outra coisa. Linsey tem uma prateleira lotada de remédios e a mãe parece nem perceber. Só sabemos o que de fato aconteceu na consulta médica de Stephen McKinley Henderson.
E é nessa ausência de tudo que ela conhece James. Brian Tyree Henry está incrível também. Ele tem uma oficina mecânica e a ajuda com a picape velha da mãe. Ela arruma emprego de limpadora de piscinas. A mãe fica perplexa. E Linsey tem que explicar que pelo problema dela, é o que ela pode fazer. Ele sofreu um acidente de carro e não tem parte de uma perna. A amizade deles é difícil, os dois são machucados pela vida. Mas é muito bonita a construção do afeto entre eles. Filme muito bonito.
Beijos,
Pedrita

domingo, 3 de agosto de 2025

Cícera

Assisti a peça Cícera do grupo Contadores de Mentiras no Encontro Paulista de Teatro de Grupo na Refinaria Teatral. Nossa!! Que espetáculo!! Maravilhada!!

Fotos de Valéria Félix

É um monólogo com Daniela Santana, responsável pela criação e dramaturgia. Ela começa vendada com movimentos, enquanto, vozes e cantos aparecem. Ela é Cícera e começa a contar sua história. Que trabalho corporal impressionante! É a história de muitas Cíceras, batalhadora no Nordeste, vem para São Paulo com as quatro filhas, é assaltada na rodoviária. Aqui em São Paulo tem a quinta filha. Ela trabalha com fumo de corda. Tudo é mágico, só assistindo! 

Incríveis os objetos de cena que vão ganhando vida para contar cada momento. Eles colocam uma lona. A cenografia é de Daniela e Cleiton Pereira. A iluminação de Samuel Vital
Ao final eles conversam com o público e Daniela contou que a Cícera era a mãe dela e ela a quinta filha que nasceu em São Paulo. Que o grupo foi com a mãe pra Alagoas, sem contar pra ela que estavam anotando tudo para o espetáculo. Que as vozes iniciais eram da Cícera e irmãs, dos que contaram as histórias pra eles, das músicas que cantaram. Muito emocionante!
O teatro estava abarrotado, nunca vi tanta gente lá, muita emoção. Uma família do bairro levou uma panelona com pipocas e pacotinhos pra presentear o público, foi uma alegria só. Cícera serve café no meio da peça. Tudo muito acolhedor! Que noite inesquecível!


O Encontro Paulista de Teatro de Grupo está terminando. Hoje ainda tem espetáculo e oficina e semana que vem também, sábado e domingo. Um grupo diferente cada dia. Nem acabou e já estou com saudade! Tudo gratuito! Que sonho!
Beijos,
Pedrita

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Hyacinth

Assisti Hyacinth (2021) de Piotr Domalewski na Netflix. Eu costumo ir na busca procurar por filmes por países, esse é polonês e está como Entre Frestas no Brasil. O filme é inspirado na Operação Jacintho que começou em 1985, quando o governo passa a perseguir, prender e exterminar homossexuais. Fui pesquisar sobre a época e descobri que a Polônia ainda é acusada de homofobia, tem uma infinidade de restrições a homossexuais. Na época da Operação Jacintho, prendeu sem provas, torturou, chantageou e matou inúmeros homossexuais, levando-os a irem pra clandestinidade. O roteiro do filme é de Martin Ciaston.

O protagonista é um policial, noivo de uma bela jovem e filho do chefe de policia. Ele tem que investigar um assassinato e se infiltra entre homossexuais para tentar descobrir o que aconteceu. Seu parceiro espanca até a morte um rapaz e diz que ele confessou tudo e que foi ele. O jovem policial se revolta, diz que sob tortura qualquer um confessa qualquer coisa e que vai continuar investigando. O pai diz que é assunto encerrado, caso encerrado e o proíbe. Tomas Zietek está muito bem. A noiva é Adrianna Chlebicka. O pai é Mareke Kalita.
Claro que o jovem se rebela e passa a investigar por contra própria. Ele arruma em uma sala meio "escondida" na própria polícia, a inocência dele às vezes me incomoda e passa a se infiltrar cada vez mais entre os homossexuais. Infelizmente ele vai entendendo tudo, toda essa operação nefasta, essa violência. O filme é muito triste.

Os jovens são um mais lindo que o outro. Os personagens eram na maioria estudantes universitários, recrutados por um professor para participar das festas. Arek é Hubert Milkowski.

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Ruptura - 1ª Temporada

Assisti a 1ª Temporada de Ruptura (2022) de Dan Erickson na AppleTV+. Eu queria demais ver essa série, adoro projetos complexos, meio irreais. O gancho pra segunda temporada é impressionante e quero logo ir pra ela. Imagino a ansiedade quem teve que esperar a segunda.

Nós sabemos mais da história do Mark pelo ótimo Adam Scott. O elenco todo é incrível. No começo ele é o único que sabemos da vida dele fora da empresa. Ele conta em uma reunião que após a morte da esposa, ele aceitou fazer a ruptura e ir pra essa empresa. Na ruptura, eles nada sabem da vida deles fora. É no elevador que a mágica trágica acontece. Sempre que eles chegam no trabalho eles nada lembram da noite anterior. Eles só guardam o que acontece na empresa que é pra lá de surreal. Helly de Britt Lower é a última a integrar a equipe, ela aparece sem memória em uma sala e tenta fugir do trabalho várias vezes. Mostram inclusive ela gravando um vídeo que concordava com a ruptura, mas ela faz um inferno pra sair dali.
O trabalho é altamente imbecil. Eles precisam juntar números. Se fazem a tempo eles ganham presentes, comemorações, tão idiotas quanto o trabalho. Dylan de Zach Cherry ama os prêmios e suas guloseimas. Os líderes não fizeram a ruptura. É quase um guarda o personagem de Tramell Tillman.
A história de Burt e Irving emociona. E são os maravilhosos Christopher Walken e John Turturro. Burt é de outro departamento, cuida de obras de arte. Eles se conhecem por um acaso e Irving passa a fugir do seu departamento para visitar o amigo. As regras da empresa são insuportáveis. 
Há uma série de punições aos indisciplinados, tudo com cara de acolhimento, reflexão, mas tudo é pavoroso. Dichen Lachman realiza um deles que parece um consultório de psicólogo, mas é lavagem cerebral do mesmo jeito. Gostei muito que a série fala muito do setor corporativo, que robotiza as pessoas, que as aprisiona. Muito interessante o paralelo. A série causa furor e vem levando vários prêmios merecidamente.
Mark não sabe, mas ele vive um inferno do lado de fora. Seu melhor amigo e colega de trabalho Pitey de Yul Vasquez aparece. Ele tenta alertar Mark dos perigos da empresa, fala que tem pessoas do lado de fora que conseguem desfazer a ruptura.
Outra que faz um inferno na vida do Mark é a vizinha que ele não sabe que é a carrasca chefe dele na empresa. Patrícia Arquette está ótima. 
Beijos,
Pedrita

terça-feira, 29 de julho de 2025

Os Encantos da Anima

Assisti a peça Os Encantos da Anima da Confraria da Paixão no Encontro Paulista de Teatro de Grupo na Refinaria Teatral. Gostei muito! Várias enquetes vão se abrindo. Muito simbólica a primeira que fala de conhecer, do medo de conectar-se, bem emocionante! Conseguiram passar muito bem a insegurança ao desconhecido.

Me diverti muito com a Fulana e a Sicrana. Elas vem e vão várias vezes na peça e estão no enterro do amado delas. Tem também uma cena de Romeu e Julieta onde eles são sapatos. Muita criatividade!
Ao final o grupo conversa com o público. O diretor Luiz de Assis Monteiro contou que muitos dos textos vem da cultura popular e que a Confraria da Paixão fica no centro de São Paulo. Os atores desse espetáculo são de Francisco Morato.
O Encontro Paulista de Teatro de Grupo segue até 10 de agosto, sempre gratuito e na sede do grupo Refinaria Teatral.

Beijos,
Pedrita

domingo, 27 de julho de 2025

Coringa: Delírio a Dois

Assisti Coringa: Delírio a Dois (2024) de Todd Phillips na HBO Max. Nossa! Que filme! Absurdamente desconcertada. O primeiro já falava de saúde mental, esse vai tão profundamente no tema, que nos vira do avesso. Porque não é só sobre a saúde mental do Coringa, mas de toda uma sociedade delirante e dilacerante.

Coringa está no presídio depois de todas as barbaridades que fez. Enquanto ele diverte a todos com piadas, está tudo bem. Ele é humilhado, forçado a agradar, desrespeitado, mas enquanto a plateia ri, está tudo bem. Quando ele resolve se rebelar, falar tudo o que está engasgado, ele é violentamente espancado, estuprado e violentado. A advogada (Catherine Kenner) tenta tirá-lo do presídio e levá-lo para uma prisão psiquiátrica, mas a sociedade ensandecida não acha que ele tem graves problemas mentais. A advogada acha que na prisão psiquiátrica ele será tratado melhor, tenho minhas dúvidas. Relações de poder são sempre perversas, ele ia mudar de uma violência para outra. 
Joaquim Phoenix está impressionante, que ator, que entrega. Nesse aparece a igualmente maravilhosa Lady Gaga. O filme é musical! Ela canta demais, mas Phoenix também nos arrebata. As faixas foram pras minhas playlists. Eram músicas incríveis, conhecidas, na versão deles. Eles nos arrebatam. Muitos números musicais são só na cabeça do Coringa, muito bem feitos os cortes, achamos que está acontecendo, até que tudo foi só na cabeça dele. Em alguns momentos até achei que a personagem da Lady Gaga só existia na cabeça dele. O trabalho corporal do Phoenix pro filme é impressionante!
As cenas do tribunal incomodam um pouco, mas acabam sendo fundamentais pra mostrar essa horda de fanáticos por celebridades. Dessa sociedade delirante pelo show, pouco importa se seu ídolo sofre ou não. E achei coerente o dolorido final, não tinha muita saída para o filme porque tudo é trágico. Que filme!




Beijos,
Pedrita